domingo, 18 de outubro de 2009

"Preso Injustamente"

“Preso Injustamente”


Não sei que mal eu fiz pra merecer sofrer injustamente, sei que meu pequenino coração, o qual nem ao menos recebera o pedido de perdão, sem antes mesmo de cometer um ato de pecado, sofre; porque paga por algo que nunca fez. Vivo trancado, porque não sei o que é essa tal liberdade, da qual os outros falam lá fora, porque de fato, não sei o que é isso; e certamente, jamais saberei, porque meu triste fim é cá, nesta fétida, triste e maltratada sela de madeira...

Outros pássaros que vivem cá nessa região, talvez meus irmãos, vivem lá nos ninhos das árvores frutíferas da floresta amazônica, olham-me de longe; e choram. Pessoas que cometem atos imperdoáveis lá fora, não são condenadas; e continuam soltas. Por que eu que nada fizera estou preso? Será que estou cometendo um crime pelo simples fato de nascer? Só porque tenho asas, tenho de ser preso e virar a “diversão” dos homens? Que mundo é este? Será mesmo que Deus existe? Pelo menos pra mim não, porque perdi toda à fé e esperança, que morrera para mim há muitos anos...

Se for para viver desta maneira, preferia não ter nascido, mas, vim da união dos laços de amor que os meus pais traçaram, para continuar a procriação da nossa espécie; porém, não adianta viver sem ser livre. Se alguém é contra mim, troque de lugar comigo, e saberás o que é ser condenado sem ter cometido crime algum.
Nasci para viver livre, conhecer a natureza e sentir o perfume das flores! Beber as águas das fontes inesgotáveis, deste imenso manto verde! Sobrevoar as árvores e ver as terras do Norte do Brasil!

Sou um pássaro, que vive triste e desanimado com a vida, porque sempre vivi preso, e nunca, nunca senti o “gosto” da liberdade. Só posso senti-la em sonhos, mas, quase não sonho, porque há gatos malvados para cassar-me; que circulam em volta da minha prisão de madeira durante a noite; e o velho que me prendes, dorme, e não vê nada.
Perco noites e noites de sono, e durmo durante o dia ensolarado; isso é, quando consigo, porque as pessoas gritam e muito cá, e é muito difícil pegar no sono.

Estou triste com Deus e com o mundo, porque nada fazem para me salvar. Se há justiça na Terra, por que não funciona? Alguém pode responder? Sei que há inúmeras respostas, mas, será que há solução? Digam-me? A única solução é a morte, porque só quando ela me chamar, o meu sofrimento eterno acabará; e talvez, viverei feliz no outro mundo... Isto é, se realmente existir outro mundo, porque caso não exista, minha alma vagará livremente sobre a Terra. Só assim, serei livre para sempre...

Escrito em 22 de novembro de 2008.

Autor: Sanderson Vaz Dutra.

3 comentários:

Sanderson Vaz Dutra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sanderson Vaz Dutra disse...

Hahaha! Foi o que pensei quando escrevia o texto, me "colocando" no lugar do passarinho é claro, e é muito triste mesmo viver sem liberdade. No caso dele é ainda pior, porque foi criado num cativeiro; não pode nem ao menos sentir o "gosto" da liberdade.

Obrigado Vandinha por ter lido e visitado meu blog!

Vandinha disse...

Depois de ler esse texto, nunca mais vou ter passarinho na gaiola... rsrsrs....

Não ter liberdade é o mesmo que não ter vida.